quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Por que ler Dostoiévski?

Quase nunca escrevo aqui sobre alguma leitura que já fiz, mas ao terminar, nessa madrugada de reeler "Memórias do Subsolo" de Dostoiévski, achei digna uma postagem sobre por que ler essa obra.
Na primeira leitura, talvez por falta de tempo, não consegui dedicar-me ao entendimento do livro, mas nessa reeleitura foi possível notar o quanto essa obra é valisosa no sentido do pensar mais "aguçado".

Analisando do ponto de vista estético, a obra foge do padrão narratológico, o qual é constituído por personagens planas e enredo. Memórias do Subsolo entra no mundo de um personagem ideológico que tem contato com sua consciência psicológica. Ele pode saber tudo de sua tipicidade e do seus pensamentos; ele se conhece antes mesmo de apresentar-se para quem talvez venha a conhcê-lo.
No nível da estória, ele nos apresenta uma visão sobre o que vem a ser o homem de ação e o homem do subsolo. Primeiramente, o homem de ação, para ele, pode ser considerado o homem objetivo, uma vez que para determinada ação há sempre uma justificativa plausível para sua concretude. Já, o homem do subsolo, ao contrário, é desporvido de objetividade, pois ao tentar achar uma causa ou um possível efeito para determianda ação, não consgue se manter no "acesso básico" para tais respostas a essa ação, entrando numa via de questianamentos, um atrás do outro, para "encontrar" uma infinidade de possíveis respostas para a ação e para a causa.

Ao decorrer do texto, o homem do subsolo segue nos apresentando longos questionamentos,um dos quais me chamou bastante atenção foi sobre o prazer que provinha da consciência da sua degradação,por exemplo, ao ser ofendido, muitos homens de ação se vingariam, por considerar justo; mas, ele (habitante do subsolo) devido a sua consciência, talvez negasse haver na vingança qualquer justiça, assim nada faria e acabaria por entrar no seu mundo de questionamentos e inqueitações.
Outro ponto a ser ressaltado sobre tais questionamentos é "por que dois e dois são quatro?" A matemática nos diz que isto está certo, mas se na vontade (livre) do homem do subsolo ele não queira considerar dois e dois quatro. Por que não poderia ser cinco? Talvez, no momento em que encontrarmos a resposta para isso, já possamos morrer, pois chegará o dia em que teremos respostas para tudo. E o homem, talvez, não queira achar as respostas, mas sim buscá-las. Por que o que é a vida, senão a inquietação da busca por tais questionamentos?!

Bom, poderia relatar o livro todo, mas nem saberia como fazer isso, porque seguir o fluxo contínuo de ideias do livro já me pareceu bem difícil, imagina transpô-los aqui. Tentei organizar de alguma forma um resumo para tentar explicar o porquê de ler Dostoiévski, principalmente "Memórias do Subsolo".
Entender os pensamentos é um tanto quanto difícil, mas por que não se arriscar começando por Dostoiévski?

Um comentário:

  1. Uau...gostei de sua análise da obra de Dostoiévski...Surgiu a curiosidade de conhecer,vou ler este livro que comentou,mas sei que vou precisar ler no minimo duas ou mais vezes.obrigada

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