sexta-feira, 10 de junho de 2011

Never mind, I'll find someone like you

Eu ouvi dizer que você está estabilizado
Que você encontrou uma garota e está casado agora
Eu ouvi dizer que os seus sonhos se realizaram
Acho que ela lhe deu coisas que eu não dei

Velho amigo, porque você está tão tímido?
Não é do seu feitio se refrear ou se esconder da luz
Eu odeio aparecer do nada sem ser convidada
Mas eu não pude ficar longe, não consegui evitar

Eu tinha esperança de que você veria meu rosto
E que você se lembraria
De que pra mim não acabou

Deixe para lá, eu vou achar alguém como você
Não desejo nada além do melhor para vocês dois
Não se esqueça de mim, eu aposto que vou lembrar de você dizer:
"Às vezes o amor dura, mas, às vezes, fere em vez disso"

Adele - someone like you

Uma parte da minha significação nessa sexta à noite.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Deixe-me sentir-te.
Já é madrugada,
Tua voz ecoa baixo.
Não estás ao meu lado?
Na cama, viro-me
Não te vejo.
Não quero estar só,
Volte a deitar-se aqui
Onde te espero.
Saudade de tuas mãos
Acariciando as que te esperam
sedentas por tocar em teus cabelos.
Teu corpo ainda necessita do meu?
Nada poderia dificultar
Aquela noite
A não ser....

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Little Chamber (O reflexo)

Lá, ele se encontra com ela, mas aqui raramente lembra-se de como é sua feição. É madrugada, ele está em seu quarto frio de hotel no fim da noite, lá observa o rosto e o escultural corpo que ela tem. Ele, com suas suaves mãos, começa a acariciá-la desde os longos cabelos até a ponta de seus lindos pés. Após o breve contato, inicia-se uma conversa e ela diz desejá-lo intensamente.

Tom desperta de seu transcendental sono, inquieto lembra-se de “Little Chamber”, como lá costuma chamá-la, no entanto, não entende o porquê desse nome e tampouco o seu significado. O dia passa e ele permanece encerrado naquele mesmo quarto, desejando que chegue a noite para reencontrá-la. Enquanto isso, recorda-se dos ares cinzentos de Londres, onde naquele instante gostaria de estar na companhia de “LC”, mas não entende que é impossível tê-la, ela está lá e ele aqui.

Em meio a seu delírio, o tempo passa depressa, já é noite e seus pensamentos continuam turbilhando. Sem conseguir dormir, agarra uma garrafa de uísque que está em cima do aparador no canto de seu quarto, em um gole ingere a bebida que passa queimando por sua garganta. O sono não se faz presente, ele então em uma loucura profunda, busca algo tão mais forte pra cessar aquela dor que sente em sua alma por não ter “Little Chamber” ao seu lado. A garrafa de uísque está vazia e ali perto se vê uma seringa, provável que ele tenha se drogado, só é visível o seu estado deplorável, atirado ao chão, sem conseguir fechar os olhos, enquanto lágrimas percorrem sua face. “Não!”, Tom grita e salta de onde estava, aproxima-se do espelho a sua frente, permanece paralisado minutos diante dele, até que consegue reconhecer a perfeição do corpo dela. Não podia crer que conseguirá vê-la de novo, mas repentinamente há o desaparecimento daquela imagem que ali esteve.

Manhã do outro dia, Tom permanece trancafiado e não permite nenhum serviço de quarto, no seu aparador restam mais algumas bebidas, isso é o suficiente. Sua vida está tão medíocre longe de sua cidade, e pior ainda sem “Chamber”. Londres era seu refúgio, todas as tarde saía, sentava-se em um banco no parque e ficava a observar as pessoas que ali circulavam, aquilo lhe trazia uma tranqüilidade e uma felicidade. Agora, sentia-se infeliz. Preso em um quarto, esperava a noite chegar para poder saciar o seu desejo de algo inusitado no corpo de “LC”. Embriagado ficou deitado em sua cama. Lá, “Chamber” estava desnuda, deitada ao seu lado, acariciava-o com uma delicadeza, para ela, Tom era o melhor sonho possível. Ele podia vê-la, admirado deixou que “Little” ficasse ali esquentando seu corpo e por que não sua alma, já que com a presença dela, ele sentia-se mais vivo. Tom viu “LC” levantar-se e ascender um cigarro. Ela sentada à sacada ficou a tragar seu fumo e olhar a noite fria. Ele, um pouco recuperado, com passos lentos, caminhou em direção a “Chamber”, que apresentava uma feição de angustia.

“Não percebes que não te pertenço”, comenta ela.
“Mas você está sempre nos meus sonhos, como pode não me pertencer?”
“Por que não existo, sou apenas um reflexo do seu ser no sonho que tens.”
“Não entendo.”
“Você está à beira da morte, nunca teve nada na vida a não ser seu amor próprio. Nunca permitiu que alguém se aproximasse, e agora para saciar o seu amor, imagina um reflexo que não existe, que é o seu próprio.”
“Mas então, como falas comigo?”
“Sou apenas seu inconsciente.”
“Alcama-te, tu precisarás de mais alguns minutos para poder descansar pela eternidade, mas saibas que eu estive aqui no seu sonho para dizer que o seu ”eu” sempre importou a mim”, continuou ela

O que não havia ficado claro, agora é mais do que visível, “Little Chamber” agora tinha significado, era a o reflexo de Tom, a quem ele tão somente amou. Ele viera à França para tratar-se de uma grave doença que atacava aos nervos, e como nunca tivera uma vida digna e com prazeres, a enfermidade contribui para o início dos delírios que o dominarão até o momento de sua exaurível vida.