segunda-feira, 28 de novembro de 2011

My call

Consegues ouvir meu chamado?
Estou há tanto tempo aqui.
Minha voz deve estar soando baixa demais,
ou talvez nem esteja sendo pronunciada.
Apenas gritos interiores te chamam.
Será que mesmo assim assim
consegues ouvir meu chamado?
Talvez uma conexão
entre sentimentos e pensamentos,
meus, teus, nossos.
Será que assim
conseguirias ouvir meu chamdo?
Estou há tanto tempo aqui.
Já consegues ouvi-lo?
Porque eu já não te ouço.

Nossa aproximação foi tão distante,
mas espero que ainda assim
consigas ouvir meu chamado.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O sol iluminava sua janela todas as manhãs, convidando-a para ser feliz. Neste momento da vida não valia mais a pena ficar lamuriando-se com poucas esperanças. Era hora de renovar e movimentar sua vida. Poderia começar, talvez, levantando-se da cama e calçando o pé esquerdo do chinelo. Não é verdade? Por que quem inventou essa superstição de iniciar as coisas com o lado "direito"? Ela nem era supersticiosa, além do mais, era canhota, e raras vezes usava o seu lado motor direito.
Pelas manhãs, passou a ler o jornal (poderia contar-se em uma mão os dias que fizera isso na sua vida); iniciou uma pintura um tanto quanto estranha na parede do seu quarto, quando perguntavam a ela qual era o objetivo de tal pintura, pensava consigo: "Oras! Qual o objetvo de uma pintura? Senão uma pintura!". Explicar-se demais, quando se é jovem, é uma tortura e uma perda de tempo.
Ela sabia que o verão estava logo aí, e em menos de um mês já estaria andado pela areia da praia, ouvindo o som do mar e esquecendo de tudo que já não a fazia bem, como aquela pessoa que só viu uma vez no ano e que nem sabe qual foi a importância dela na sua vida, como também aqueles desprazeres de sentir-se incomodada por algo que nem ela sabia, mas que de alguma forma, parecia que devia sentir.
Era momento de renovação, de deixar aquele tempo atrás e de ver como é bom ser feliz, sem nem saber o motivo. É apenas bom estar assim.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Ela está sentindo muita dor. Seu coração pulsa devagar, quase não se ouve sua respiração. A dor continua. Uísque, talvez, acalmaria sua depreciada vida.
As paredes do seu quarto mesclam-se com o tom de luz da rua, que daqui me parece ser um verde desbotado, dando-me a impressão de infelicidade. Eu observo. Ela parece não notar que me encontro aqui, quase na soleira da porta, pensando em sumir desse lugar pavoroso, mas o corpo dela parece me fazer ficar. Ela continua sentindo dor, mas consegue levantar-se, pegar o maço de cigarros, achar o isqueiro e tragar com ardor profundo.
Sinto a necessidade de deitar-me ao seu lado e dizer que a dor irá cessar, mas eu sei que não. Eu conseguia me sentir culpado, mas não admitiria. Ela sofreria muito com outras que viriam. Mas não, dessa vez eu não seria o culpado. Seriam muitos outros, outros por quem ela se apaixonaria.
Eu ainda sentia algo por ela, mas por que não falei e apenas observei o sofrimento? Talvez, porque eu sabia que um dia quando já não houvesse sentimentos, faria sofrê-la. Há tempo ainda...