terça-feira, 15 de novembro de 2011

Ela está sentindo muita dor. Seu coração pulsa devagar, quase não se ouve sua respiração. A dor continua. Uísque, talvez, acalmaria sua depreciada vida.
As paredes do seu quarto mesclam-se com o tom de luz da rua, que daqui me parece ser um verde desbotado, dando-me a impressão de infelicidade. Eu observo. Ela parece não notar que me encontro aqui, quase na soleira da porta, pensando em sumir desse lugar pavoroso, mas o corpo dela parece me fazer ficar. Ela continua sentindo dor, mas consegue levantar-se, pegar o maço de cigarros, achar o isqueiro e tragar com ardor profundo.
Sinto a necessidade de deitar-me ao seu lado e dizer que a dor irá cessar, mas eu sei que não. Eu conseguia me sentir culpado, mas não admitiria. Ela sofreria muito com outras que viriam. Mas não, dessa vez eu não seria o culpado. Seriam muitos outros, outros por quem ela se apaixonaria.
Eu ainda sentia algo por ela, mas por que não falei e apenas observei o sofrimento? Talvez, porque eu sabia que um dia quando já não houvesse sentimentos, faria sofrê-la. Há tempo ainda...

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